3 de fevereiro de 2009

cenouras e nomes de letras



Na segunda-feira, depois de deixar o Manuel em casa, ao fim da tarde, fui a correr para uma reunião na escola da Mariana. Mal me sentei percebi que tinha qualquer coisa no bolso do casaco. A minha tentativa de descobrir o que seria coincidiu, exactamente, com uns segundos de silêncio na reunião. E, aqueles momentos parece terem sido "programados" para eu ser o centro das atenções quando deixei cair uma das cenouras que alguém me tinha enfiado no bolso!

Claro que olharam todos para mim! Ainda sorri, na esperança de receber um sorriso de compreensão de volta, mas o um único olhar cúmplice que encontrei vinha do meu lado, de uma mulher, também mãe de três filhos que, tive a certeza, imaginou num dos meus o autor daquela brincadeira.

O que me valeu é que, alguém bateu à porta, entrou e rapidamente se voltaram a concentrar nos slides que a professora exibia acerca de uma visita de estudo. Enquanto isso eu apanhei a bendita cenoura.

Desliguei a atenção da reunião, por breves minutos, e lembrei a altura em que estava a chegar à escola do Manuel. Coincidiu com uma pequena agitação à volta da carrinha do Centro de Dia (onde faço voluntariado) que se preparava para levar os "meus" velhos para casa, no final de m dia. Fui ter com eles, saltei para dentro da carrinha, enchi-os de beijinhos e perguntas banais, daquelas que poucas pessoas lhes fazem e que eles tanto gostam...

Lembro-me que nesse momento senti alguém a colocar-me qualquer coisa no bolso, gesto que fazem normalmente e que é acompanhado de papel, um botão, ou um rebuçado. Mas, entre chegar aos bancos de trás, sair da carrinha, ir cumprimentar os que ainda estavam à espera, ir buscar o meu filho e acelerar para a reunião, a verdade é que nunca mais me lembrei que trazia "qualquer coisa" no bolso.

Depois de regressarmos a casa os meus filhos mais velhos estavam excitadíssimos pois, finalmente, cada um tem o seu Magalhães! Ufa! pensei eu, acabaram as "guerras" por causa deste pc. Hoje vamos ter alguma tranquilidade, pelo menos até começarem as negociações e os tempos de espera, habituais, entre o início e o final dos duches. E, foram bons aqueles minutos em que estiveram, juntos, a explorar o universo do dito pc.

Já de banho tomado e enquanto me ajudava a pôr a mesa o meu filho fez aquela cara de quem vai pôr a prova, uma vez mais, a minha ignorância. Queria saber porque raio é que a letra "C" e "Q", às vezes, têm o mesmo nome.
"São as únicas letras do alfabeto com o mesmo nome, porquê mãe?... Pedi-lhe que esticasse um pouco mais a toalha e esperei não ter que responder logo: "não sei filho". Ele lá me foi dando tempo e continuou: "não é justo. Porquê é que só estas duas é que podem ter um nome igual..."

Fui salva pelo choro da Laura! Estava com uma enorme birra de sono.
"Depois falamos, okey filho?" disse eu, enquanto aproveitava a oportunidade para ganhar tempo.
Com mil cenouras!

Obrigada João pelas dicas quanto à ampulheta. Vou comprar uma o mais rápido possível. Vale-me que ele tem sempre a iniciativa de ir lavar os dentes depois do jantar. Ontem foi com o pai.

Gostava que tivessem sido as mãos, da foto, a colocar-me a surpresa vegetal, no bolso. Não foram pois são de alguém que tem um sorriso lindo, que me cativa, ainda que a sua doença a mantenha tão "distante" da realidade.

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