10 de novembro de 2008

À boleia



Um destes dias, a caminho da escola da minha filha e cheia de pressa (detesto estar com pressa) fui obrigada a reduzir a velocidade porque à minha frente, em plena estrada ia um tractor a um ritmo muito diferente do meu.
Gosto destes veículos, das rectroescavadoras, das ceifeiras, dos tractores...
E gosto porque o meu filho, que adora estas máquinas, me ensinou a reparar nelas e nos detalhes de forma que, desde há vários anos merecem a minha atenção. O mesmo aconteceu neste dia tal como, tranquilamente, registei na foto.
À minha frente e numa estrada com algum movimento seguia um tractor, com dois homens que conversavam animadamente. Tentei imaginar sobre o que conversariam e para onde se dirigiam. Rendida a chegar atrasada decidi aproveitar o momento. Aumentei o som da voz da Nina Simone e reduzindo a velocidade lá segui o tractor até que parou, obrigando-me também a parar.
Em perfeita harmonia com aquele ritmo um dos homens, o passageiro, já perto dos 70 anos, desceu, lentamente para o passeio, levantou o braço agradecendo-me e com um sorriso aberto gritou para o condutor: "obrigado p´la boleia rapaz". Abri o vidro e retribui o aceno com um sorriso.
Como acontece todos os dias, a minha filha atrasa-se sempre uns minutos a arrumar as coisas e a despedir-se das amigas e assim, naquela tarde, não ficou muito tempo à minha espera.
Eu, que me convenci que iria chegar atrasada logo que me deparei com o tractor, saboreei a imposição do próprio tempo e quando sorri para aquele homem velho "invejei-lhe" a calma e a naturalidade da viagem. Voltei a fechar os vidros porque apesar de gostar muito destes "gigantes" detesto o barulho dos seus motores.

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