29 de dezembro de 2008

A caminho da desilusão... encontros com a supresa





Este mês foi também um mês de muito sofrimento, desilusão e perplexidade para uma pessoa de quem gosto muito que terminou uma relação de onze anos com o marido. Desta família nasceram duas crianças lindas e maravilhosas que me fazem pensar nos meus filhos. Confesso que, gostando tanto dos quatro membros desta família como gosto, secretamente o que mais desejo é que tudo não passe de uma valente prova de fogo, uma enorme crise que lhes bateu à porta mas que juntos vão conseguir ultrapassar.

Quando a minha amiga me telefonou e contou o que estava a passar-lhe cruzamos dados e alguns dias depois fiz-me à estrada para ir ao seu encontro. Como já estavam de férias levei os meus dois mais velhos que aproveitaram para ver alguns familiares que temos em Castelo Branco e a viagem com eles foi muito melhor que seria se fosse sózinha.

Depois deixar os miúdos com a minha irmã pois queria dar atenção à minha amiga lá fui para a cidade onde passei mais de dez anos da minha vida e que está tão igual e tão diferente das minhas recordações.

Como sou perita em distrair-me e como já seria de esperar perdi-me. Que chatice, pensei, vivi aqui tantos anos! Lá dei mais umas voltas e a meio de uma rua secundária dei de caras com dois animadores de rua que enchiam de vida e movimento aquela tarde tão fria. Estacionei e pedi-lhes se podia fotografa-los. Conversamos uns segundos e percebi que tínhamos vindo todos de Lisboa. Eles em trabalho, um trabalho divertido que estava a surpreender as pessoas dali e eu ao encontro de uma amiga que vive uma profunda desilusão.

Foi bom encontra-los e encontrar uma outra amiga de muitos anos que cheia de pressa se perdeu comigo na conversa. Também é uma mulher valente esta última. Uma grande mulher, mesmo que o seu forte seja aninhar-se ao colo.

O nosso longo dia terminou com a viagem de regresso a casa. Quilómetros de chuva obrigavam-nos a vir devagar. Cúmplices como sempre os meus filhos mantiveram-se acordados até à primeira estação de serviço para me acompanharem no café que eu tanto precisava. Conversamos, fizeram as perguntas que lhes andavam às voltas pela cabeça e renderam-se ao cansaço de um dia cheio e corridas e brincadeiras com o primo. Quando chegamos à nossa rua e vi ao fundo a luz da nossa casa senti-me uma privilegiada pela vida que tenho, pela família que estava prestes a juntar-se no final daquele dia tão cheio.