17 de dezembro de 2008

A privacidade... e a morada da Eva





A minha filha mais velha tem uma amiga de que gosta muito chamada Eva. Eu também gosto dela. Antes de a conhecer pessoalmente já lhe conhecia aventuras e "desastres", típicos de quem projecta saltos pelo meio de arbustos e os leva em frente, mesmo sabendo que poderá sair toda arranhada pelos picos... o que normalmente acontece. Com o passar do tempo fui conhecendo melhor a Eva, ainda que só tenha sido merecedora do seu sorriso à pouco tempo. A Eva guarda muito bem os seus tesouros, em particular das pessoas que não conhece. O sorriso é, sem dúvida um deles!

Como a minha filha gosta muito da Eva foi-me dizendo, semana após semana, quem era a família dela. Primeiro conheci a irmã mais velha, depois a mãe e mais tarde a irmã mais nova e o pai. Mas, só à poucos meses falei com eles, iniciando um contacto mais próximo e sei que essa proximidade com a família me fez ganhar pontos na "batalha" contra a indiferença da Eva para comigo.

No dia em que lhe ganhei o sorriso fiquei mesmo muito contente. Depois de quase um ano a brincar com ela, depois de tantos "olás" (quase sem resposta), depois de tantas tentativas... finalmente a Eva ofereceu-me a genuinidade do seu sorriso tão lindo e encantador, um sorriso que é uma verdadeira flecha de luz e que nos acerta em cheio no coração e nos faz sentir bem.

A minha filha que é uma criança muito alegre e bem disposta tem muitos amigos. Adorar correr, brincar e conviver, no entanto, tem também um círculo de amizades - poucas - muito forte e nisso, segundo a mãe da Eva são muito parecidas. Lembro-me que a última amiga que a minha filha juntou a esse grupo restrito tinha sido à quatro anos atrás. Este ano apareceu a Eva.
No final do Verão, talvez motivada pela saudade, percebi que a Mariana tinha acrescentado a Eva a esse pequeno núcleo de relações. Que bom!

Mas, não fosse o mistério à volta da morada da Eva e não estaria a escrever tudo isto. Tudo começou há alguns dias atrás. A Mariana pediu-me para ligar à mãe da Eva pois precisava saber a morada da amiga. Prontamente procurei o número e ligamos. Como a Eva não podia atender naquele momento ficou de devolver a chamada.
Aproveitei a espera para insinuar a minha curiosidade tentando saber para que queria ela o endereço. Bem sei que, com a proximidade do Natal, enviamos as Boas Festas aos amigos, mas estava ansiosa por saber o que estava a Mariana a preparar para a Eva. Apesar da minha curiosidade saltitante não obtive qualquer resposta, nem um comentário... nada!
Entretanto, a Eva ligou, as duas conversaram e a Mariana anotou o endereço da amiga. Depois de desligarem mantive-me por perto na esperança de a ouvir confidenciar a surpresa que estava a preparar, mas... nada! Mantive-me ali, respeitando a privacidade dela, muito embora me estivesse a "roer" de curiosidade por dentro. Talvez outro dia me revelasse todo aquele mistério.
Ontem, antes de ir para a escola, a minha filha perguntou-me se sabia onde estava o papel com a morada da Eva. Fui a correr buscá-lo na expectativa de que, finalmente, se desvendasse o mistério. Não perguntei nada mas fiquei à espera cheia de curiosidade... nada!

Foi então que percebi que a Mariana tinha crescido mais uns "centímetros"... que há novas "linhas" a deixarem de lhe servir. A privacidade dela está a mudar de contornos e tudo isto me faz pensar.
Percebo novos "mundos" dentro do dela. Reparo que começa a utilizar o respeito que, cá em casa, sempre tivemos pela privacidade de cada um, um valor que lhes transmitimos e que, como tantos outros que lhes ensinamos se baseia na verdade e na confiança.

Adivinho-lhe novos mistérios... por enquanto, continuo a "roer-me" de curiosidade perante este. Sei que está a poucos dias de se desvendar e que, pelo entusiasmo da minha filha, está envolto em ternura e carinho e... que no centro de tudo isto está a Eva.

Enquanto aguardo, preparo-me para receber estas novas pistas que a minha filha me dá e penso na felicidade e na graça de viver tudo isto de ser mãe. Obrigada Eva, pelo tanto que me mostraste.

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