27 de janeiro de 2009

Esclarecer sentimentos


Aprendo imenso com a nossa família e, apesar da timidez genética que nos liga a todos, cá em casa falamos imenso sobre os sentimentos.
Há alguns anos atrás aprendi com uma senhora, muito linda (e sem me dar grandes explicações), o dever que todos deveríamos ter de verbalizar o que sentimos, em particular, dizendo aos que amamos como são importantes para nós. Cá em casa esse "dever" faz parte da nossa forma de crescer, enquanto família. E, em muitas situações, além de saber bem ouvir palavras de amor, também os sentimentos nos fazem rir, que curiosamente é outra das coisas que esta senhora defende, os benefícios de rir.
A propósito de tudo isto, ontem, ao jantar, perguntei ao meu filho o nome de uma auxiliar muito simpática (que não terá mais que 25 anos, penso eu) que trabalha na escola dele. O assunto veio à mesa porque na sexta-feira passada fui ao local onde ele almoça e a rapariga, ao perceber que era eu a mãe do Manuel, veio ter connosco. Ali mesmo à minha frente abraçou-o, encheu-o de beijos e disse-me que gostava muito dele. Que é um menino maravilhoso, muito lindo, muito simpático e disse ainda muitas outras coisas ternurentas e acrescentou que, sempre que pode, se senta junto dele e o ajuda a almoçar.
Voltando ao nosso jantar, depois de termos arrumado, juntos, a cozinha, as miúdas dedicaram-se às corridas pela casa (cheias de saudades uma da outra, afinal, foram muitas horas sem se verem!) enquanto o Manuel e o pai assistiram a um programa sobre tubarões, animal que o meu filho adora. Mas, tal como eu previ, lhe entrou pelos sonhos adentro e me fez levantar, duas vezes esta noite, para enxotar pesadelos.
Perto das 21h45 iniciamos as rotinas do deitar. Ontem, finalmente, lembrei-me de comprar a pasta dentífrica preferida dos mais velhos. E, porque tudo tem um lado positivo (se a Laura não estivesse com os dentes a nascer eu esquecia-me, outra vez de ir à farmácia) os meus filhos já não têm que continuar a lavar os dentes com a minha pasta, que ao que parece é feita de picos!
Adiante, depois das orações, dos beijos e das boas noites entre todos - com vestígios de baba da Laura em todas as caras cá de casa - a Mariana "entrou" no livro "Uma Aventura em Lisboa", e eu fui ouvir o Manuel ler mais uma página do "Canteiro de Livros" para depois lhe fazer perguntas, parte esta que é a que ele mais gosta. Confesso que ouvir a interpretação dele sobre algumas palavras me diverte mesmo muito.
Poucos minutos após ter descido as escadas, ainda a Laura brincava com o pai no sofá, antes de se ir deitar, ouço passos e a voz do meu filho. Perguntei-lhe se precisava alguma coisa ao que ele me respondeu, que não, mas que queria só "esclarecer uma coisita". Disse: "Sabes mãe, eu gosto muito da M." - a tal rapariga de quem tínhamos conversado ao jantar - "mas é só por amizade! Não é amor, sabes mãe, é só amizade! Okey?!". Está bem filho, respondi-lhe e voltei a desejar-lhe uma boa noite. Fui logo ter com o pai, que também ouviu o esclarecimento que ele fez. Rimos juntos, quer daquele esclarecimento de sentimentos e também da necessidade que o Manuel tem de... nunca deixar para amanhã o que tem que dizer hoje!
Que bom ter o privilégio de ter uma família e uma vida assim!

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