13 de fevereiro de 2009

Dias que engordam o coração




"Deus é como o vento, não se vê... mas sente-se" (Esta frase anda colada aos meus dias desde sábado) .


(Sábado)


Desde sábado passado que o meu coração tem vindo a aumentar de peso a cada dia que passa. Este excesso deve-se à intensidade de momentos que, a um ritmo alucinante, têm entrado por mim, para ficar! No sábado recebemos em casa uma avó que estava um pouco adoentada.


Quando chegamos a casa dela percebemos que desde que acordara se sentia "mal, desorientada..." Percebemos também que andavam no "ar" grandes medos e crescentes inseguranças, próprios de quem, aos 76 anos, vive só, defendendo a sua autonomia a qualquer custo. Foi bom tê-la connosco, ouvir as histórias, as respostas às perguntas do Manuel. Foi boa a ajuda dela nas birras da Laura e foi bom encontrar um brilhozinho de ternura, no olhar dela, quando desci a escada e vi Mariana aninhada a ela a ver uma comédia romântica.


Esta é uma avó sempre muito disponível, apesar das várias doenças crónicas que transporta. Transmite-me sempre uma imensa dignidade perante o sofrimento que lhe habita os dias e maneira como enfrenta os desafios.


(Domingo)


O dia começou com saudades do meu filho (gosto tanto de usar as palavras filho/a)! Retomando o relato, pela primeira vez, o meu filho acordou em casa de um amigo. E correu tudo bem. Quando o fui buscar vinha um pouco mais "crescido". Ele, que gosta de estar em casa, resolveu e conseguiu participar, até ao fim (para espanto meu) na sua primeira festa de pijama.


Ao almoço e por coincidências várias tivemos a mesa lotada. Foi mesmo bom estarmos todos juntos e a avó já se sentia melhor. Percebi os vários mundos que estavam presentes naquele dia, em particular pelo interesse de cada um dos miúdos cujas idades variam entre 1 e 19 anos. Foi interessante observar, senti-los e ouvir. Ouvir histórias de outros pais e de outro miúdo, hoje homem, com um H gigante.


(segunda-feira)


Acordamos cedo e saímos de casa uns atrás dos outros. As últimas a sair fomos eu e a avó. Fui leva-la a casa, embora ficasse mais tranquila se a tivesse connosco mais dias, mas ela não quis. E se não fosse o Benfica teria ido no Domingo à noite! Chegadas a casa dela despediu-se de mim com um abraço e um olhar que me enterneceu e me encheu o coração. Quilogramas e quilogramas de ternura entraram-me pelo meu peito adentro naquele momento.


Segui o meu caminho e aproveitei para fazer umas compras que precisava. Cruzei-me então com a frase "Deus é como o vento. Não se vê, mas sente-se" fez todo o sentido! O telefone tocou, o meu marido estava por perto mas não podia aceitar o meu convite para almoçar.

Tinha compromissos profissionais importantíssimos, era-lhe impossível. Ficou de ligar mais tarde. Meia hora depois ligou novamente. O almoço de negócios foi adiado. Podíamos almoçar juntos! Fiquei radiante. Adoro passear-me com ele. Alto, lindo e de olhos azuis (como sempre imaginava que iria ser o meu namorado quando crescesse....parece que Deus estava a ouvir a miúda de cinco anos!). Almoçamos juntos.

Senti a brisa a acompanhar-me o resto do dia. E, finalmente cumpriu-se um grande e secreto desejo: testemunhar os primeiros passos da Laura.


Parecia tudo fazer sentido e, num dos poucos momentos do dia em que estamos todos juntos em casa, momentos antes do jantar, o meu marido gritou e corremos todos para a sala. E o meu coração duplicou ao vê-la assim, cheia coragem a vencer aquela maneira desajeitada que caracteriza os primeiros passos.


Foi maravilhoso estarmos todos juntos e partilharmos com ela este momento único!


O dia terminou com notícias de uma menina borboleta, que devido a umas convulsões conheci no hospital de Torres Vedras, quando estava internada. Finalmente chegaram os resultados dos últimos exames. "Não há sequelas. Está tudo bem" dizia o sms que recebi da mãe, já depois dos meus filhos estarem a dormir. Foi um dia em que Jesus andou colado a mim, como que a jogar uma partida de ping-pong em que cada bola que recebia trazia quilos e quilos de alegria.


Jamais esquecerei esta segunda-feira. E agradeço a Deus por todos e por este dia em particular.


(terça-feira)


Deliciei-me a aproveitar todos os passos da Laura. Pelo correio chegaram três tesouros, três livros de que falarei mais adiante. Com um post dedicado a cada um deles. Foi um dos primeiros dias em que o céu amanheceu com um azul lindo visto daqui. Apesar do frio eu e o meu marido ficamos radiantes logo pela manhã. Já andávamos um pouco cansados do cinza...

(Quarta-feira)

A T. uma das utentes do Centro de Dia fez anos no dia 8, Domingo, e eu prometi-lhe uma festa de aniversário para a quarta-feira seguinte. Cheia de balões, pratos do Mickey e talheres coloridos lá fui a correr buscar o bolo, com a cara da Catarina Furtado (de quem a T. é fã).

Completou 28 anos, mas o pequeno desiquilibrio mental de que sofre torna-a tantas vezes muito mais pequena e é uma das pessoas com quem me cruzo que mais exige de mim e que por isso também me cativa mais.
Baixinha, sempre muito arranjada e com um sorriso cheio de luz, gosto de a sentir acompanhar-me o passo, de braço dado, enquanto fazemos alguns recados necessários aos utentes. Uma vez mais senti uma brisa em mim. E, por coincidência ou não a T estava na aula de ginástica quando cheguei ao centro.


Houve tempo de encher balões, decorar as paredes, reunir o máximo de funcionárias e utentes possível, escrever um postal e... quando chegou do ginásio, ao meio-dia, estava tudo preparado. E a festa, que provavelmente até já teria esquecido tornou-se numa boa e grande surpresa para ela.

Os seus olhos brilharam ainda mais que o habitual e uma vez mais Deus este ali, junto a todos nós e até lhe podíamos ouvi-Lo quando todas as vozes se juntaram num "Parabéns a Você." Foi muito muito bom!


E o meu coração foi engordou mais um pouco.

O meu dia continuou com mais surpresas. Desta vez para mim. Ao ouvir o sino, fui abrir o portão e... estava à minha frente a Dona V. uma senhora que veio passar o Natal connosco. Tinha vindo trazer-me notícias do seu estado de saúde e uns presentes, peças de artesanato que o falecido marido construi-a. Adorei!


Uma vez mais a leve brisa colou-se a mim. Convidei-a a entrar e como ainda nem tinha almoçado partilhamos uma refeição as duas, numa tranquilidade quase mágica, como se nos conhecêssemos à muito, muito tempo. Passou a tarde connosco e brincou muito com a Laura, que gostou dela. Já perto das cinco horas fui leva-la a casa e segui para uma reunião.


O dia terminaria com algumas angústias, mas é assim mesmo. Também os desafios mais incómodos nos ajudam a crescer.


(Quinta-feira)


Tinha almoço marcado com a minha filha e foi mesmo bom estar com ela. Fui buscá-la à escola e partilhamos momentos muito bons. Reviver os nossos almoços do ano passado fez bem às duas. É sempre tão bom estar com eles! Sinto-me tão abençoada por tê-los trazido dentro de mim!


Ainda consegui falar ao telefone com o meu filho que outra das coisas que mais me preenche na vida. Ouvir as vozes deles e a doçura com que falam ao telefone.

A tarde continuou com viagens entre escolas e casas num corropio constante. Ainda tive tempo para ir passear com a Laura, ver as galinhas, os patos, as vacas e outros animais de uma quinta perto de nós. Graças à teimosia dela "invadimos" um terreiro e descobrimos um galinheiro espectacular. Seriam pelo menos mais de 15 os galos que ali estavam reunidos! Vou tentar um destes dias fotografa-los. Parecia uma reunião de cristas vermelhas. Muito engraçado. Nada bonita foi a birra que a Laura fez para vir embora. Mas houve tempo ainda para ir visitar uma vizinha que continua acamada e palavra solta palavra a Laura acabou por adormecer ao meu colo e antes de iniciar mais uma viagem escola-casa da prof L. deixei-a a dormir uma sesta, já na sua caminha.


No fim do dia conheci uma menina linda, cheia de vida, que veio cá a casa. Vou adorar partilhar mais vezes daquele sorriso e daquele olhar que já me cativou e que com os seus quatro anos, feitos recentemente, me fez rir com tantas curiosidades e alegria.


(Hoje)


Hoje vou ao médico e à noite temos vigília de oração no agrupamento de escuteiros ao qual a minha filha e a minha futura afilhada pertencem. A minha afilhada vai receber o lenço de lobita amanhã e hoje estaremos todos juntos, em vigília. Por elas e por um amigo que também receberá o seu lenço de dirigente.


O sol brilha lá fora. Cá dentro continuo a sentir uma brisa que me tranquiliza. Apesar da que às vezes me faz correr pelos dias.


Tive notícias muito boas acerca de uma situação que me anda a aborrecer à alguns meses. Vim muito contente do médico. Nova brisa e uma miúda de quem já falei aqui, que me convidou para um chá. Uma pessoa fantástica e tanta doçura no olhar.


(Agora)


A Laura está junto a mim agora. Nova brisa... Obrigada.

2 comentários:

  1. Olá amiga! Já está vestido de novo o teu blog. Demorou mais do que desejado porque tenho tido alguns problemas de internet, mas acho que agora está tudo bem, com o problema dos comentários resolvido e um design bonito à vontade do "freguês":)
    A tua lista de blogs está agora separada dos sites e usei um modelo mais dinâmico, que permite ver as últimas actualizações de todos os blogs que acompanhas. Espero que gostes, mas se não, diz que a gente muda.
    O próximo passo será ensinar-te a pescar...

    Beijos e bom fim de semana!

    ResponderEliminar
  2. Já agora outra coisa, tinhas os comentários moderados no anterior blog. Preferes continuar a moderá-los?

    ResponderEliminar