Sempre que acordo olho através da grande vidraça e, numa intimidade silenciosa, recebo e agradeço a luz de mais um dia acabadinho de nascer.
Confesso que já estou saturada das obras e do monte de entulho que tomou conta do nosso jardim... no entanto, tenho conseguido descobrir, quase sempre alguma novidade, engraçada, no meio de tudo isto. Assim, nas últimas semanas, recebo diariamente a visita de várias aves.
As andorinhas têm por hábito reunir-se no telhado para depois iniciarem voos espectaculares tomando banho na água da piscina e voltando uma e outra vez para bebericarem a água que os raios de sol tornam tão azul e tão brilhante.
Há também os pardais de telhado, as rolas (que moram à anos no nosso pinheiro) e outras aves que não sei classificar. Há também muitos melros... Entre todos há um par que, ultimamente me cativa com os rituais românticos que, indiscretamente, lhes observo. Chegam sempre juntos ao monte de areia que faz parte do entulho e iniciam danças encantadoras mesmo à frente da minha janela.
Percebo então que não gostaria de viver noutro lugar que não aqui, em frente a este entulho todo, onde os dois melros, que cá em casa já todos conhecemos, chegam, sempre juntos, para o pequeno-almoço.
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