Numa destas noites, quando os filhos já dormiam e o marido ainda não regressara da última viagem da noite, num momento em que as nuvens escondiam as estrelas... sentia-se cansada, depois de um dia tão cheio.
Tinha planeado uma "largada" de cinco balões para essa manhã. No entanto... queria que fosse íntima, familiar e partilhada, como são muitos dos momentos da família. Nada disso foi possível, tantos foram os pares de sapatos que encheram o hall da casa.
Enquanto esperava foi procurar e percebeu que apenas um dos balões, cheio de hélio, tinha resistido junto ao tecto. Vermelho, em forma de coração, preso a uma fita branca lá continuava à espera. Segurou-o pela fita e levou-o para a rua.
Estava muito frio mas aquele silêncio da noite... apetecia. E ali ficou.
Entretanto resolveu soltar o balão, apesar das poucas esperanças de o ver voar alto, tantas tinham sido as horas de espera... mal o soltou, o coração começou a subir. E subiu tão alto que, rapidamente, o perdeu de vista.
Naquele silêncio, com os pés cansados de tanto andar e as pernas a pedir uma cadeira que fosse... manteve-se de pé e rezou.
Terminada a breve conversa com Ele acerca daquele dia, daqueles anos e da família que ela e o marido tinham construído, abriu os olhos em direcção ao céu, naquela noite vestido de cinzento muito escuro.
Preparava para entrar quando sentiu o vento norte, que anda sempre perto. Com um dos seus habituais e fortes sopros empurrou, com toda a força, uma gigante e escura nuvem. Foi então que ela viu uma luzinha, muito pequenina e muito, muito brilhante lá em cima.
Percebeu ali, que o coração tinha chegado. E, pelo sorriso... aquela estrelinha tinha mesmo gostado de o ver. "Obrigada", disse, enquanto fechava a porta.
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