8 de janeiro de 2009

"Encharcado de medo"

No últimos dias o meu filho tornou-se a minha sombra cá em casa. Acompanha-me para todo o lado e quer sempre saber onde estou. Depois de perceber que, lá na escola, os temas das conversas têm sido a existência de fantasmas - se bem que nunca ninguém tenha visto nenhum - e os assaltos, o meu filho não me larga. E, de nada adianta dizer que temos quatro cães, que dão sinal à chegada de qualquer carro que pare no nosso portão... que moramos numa aldeia, sossegada... que ele não está sozinho em casa... que os ladrões assaltam casas (normalmente) quando estas estão vazias... Nada! Tem explicação para tudo, bem, quase tudo, pois ainda não conseguiu provar a existência dos fantasmas.

Ontem, numa altura em que já estava sem paciência de ter uma "chita", a saltar atrás de mim, por toda a casa disse-lhe que tínhamos que acabar com aquilo. Que tinha de parar de andar sempre atrás de mim!
Então explicou-me que não conseguia, que se o fizesse ficaria "encharcado de medo"! Claro que adorei a expressão, ri para dentro, e continuei. Mas o que é isso de estar encharcado de medo, perguntei eu. - "É simples mãe, estás a ver quando molhamos a roupa toda e ficamos encharcados... e tu dizes para ir trocar de roupa para não ficar doente. Pronto, com o medo é igual. Se estivermos encharcados de medo e continuarmos, como aconteceria se não estivesse ao pé de mim, até podia ficar doente sabes..."

Quis continuar a conversa mas ele percebeu que me estava a divertir com os seus argumentos e com a seriedade do assunto. Tímido como é, pôs um ponto final na conversa e lá continuou, aos saltos, atrás de mim.

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