Palavras soltas
19 de dezembro de 2012
enquanto espero
enquanto espero...
Espero... Regresso às Palavras Soltas enquanto espero... espero o serralheiro que mudará as portas da casa da minha mãe, do eu mimo, do meu abrigo.
Ainda que ela já ter partido há anos... em direcção ao sol, a verdade é que só hoje consigo confrontar-me com o trocar destas portas...
Em mim, respira esta necessidade de proteger a presença da minha mãe, a intimidade das nossas cumplicidades... voltar, uma vez mais, a sentar-me nestes degraus, só eu e ela... ao seu colo...
Espero... Enquanto espero que o serralheiro me atenda volto aos primeiros natais que conheci, ao menino jesus, à missa do galo, ao casaco pesado que me atiravam para cima sem noção nenhuma do peso que estavam a colocar-me, ao oito anos, nos meus ombros. Não me lembro que algum dia me tenha aquecido, lembro-me sim o quanto era pesado... e do tempo que o meu corpo franzino passava enviada nele e nós enfiados na grande e fria Sé, feita de granito.
Espero... Enquanto espero o homem, sem o ouvir, concentro-me nas expressões faciais que variam entre o stress dos compromissos, as solicitações da mulher e o desejo repetido de "Boas Felizes" a clientes, amigos... E perco-me outra vez para não me sentir intrusa. Enquanto isso balaço os calcanhares nestas pedras geladas e gastas. Conventro-me nos movimentos, ondulantes, entre o ar que sai da minha boca e as temperaturas que o tornam visível, ainda que por segundos... e penso, penso num caminho que começou aqui...
Espero... Depois de combinar um novo encontro para amanhã, com a leve sensação que outros telefonemas, desta vez a desejar um Feliz Natal, possam interferir nos detalhes do encontro que marcamos para amanhã... e despeço-me do serralheiro com o compromisso que irá colocará novas portas, mais resistentes, mais dignas na casa da minha mãe.... Afasto-me a sorrir para dentro, ao som dos diferentes tons de um sotaque que me cativa, e que aqui torna os votos desta quadra familiares e diferentes, consoante os interlocutores que imagino continuarão a ligar-lhe...
Espero... E volto a um outro tempo de espera... à espera de uma amiga que vem de longe... uma amiga que partilhou comigo os degraus onde hoje me sentei... uma amiga que me relembra das histórias que vivemos juntas, das filhós que a minha mãe fazia para o Natal... que partilhou comigo muitos dos dias que fazem parte das saudades da minha mãe...
29 de janeiro de 2011
25 de janeiro de 2011
24 de dezembro de 2010
A magia da noite de Natal
A algumas horas de chegarem os familiares, os amigos, os convidados começo a sentir que a espera está quase a chegar ao fim. Durante semanas, a casa e nós, juntamo-nos à espera desta noite. Planeamos encontros, pensamos nos amigos que estão longe, recordamos os que partiram (e este ano partiram duas das pessoas mais importantes na minha vida) e também rezamos pelos que estão sós, doentes, tristes. Pessoalmente, agradeci a Deus este ano, tão feito de dias maravilhosos pois forma eles que equilibraram os mais tristes. Agradeci ao Pai por estar aqui, uma vez mais, a celebrar o Natal, colocando-me a cada dia ao ser serviço, pedindo-lhe que me ajudasse a terminar as tarefas que me foram aparecendo.
Agora, a algumas horas do grande jantar do ano, do momento mais quente de todo este Inverno, regresso a este espaço para desejar a todos, a todos sem excepção, um Santo e feliz Natal. Que esta noite seja feita de encontros felizes, de muitas gargalhadas e de afectos, muitos afectos no sapatinho. Será uma noite nova cá em casa, com encontros prontinhos a estrear e da qual, penso, nunca nos iremos esquecer. Será uma noite feita de surpresas e também de rituais, que terminará, como sempre com a Missa do Galo e miúdos a adormecer no carro no regresso a casa. Mas será, concerteza, a noite em que celebramos, acima de tudo, a vinda do Deus Menino cuja presença é demasiado evitente e forte cá em casa. Termino com um novo voto de boas festas enquanto preparo os últimos detalhes desta especial noite de aniversário em que a maioria dos presentes não são para quem faz hoje anos, mas que nos desafia a oferecer-lhe um presente a Ele, que gosta de prendas mais difíceis que conseguir, porque não custam dinheiro. Bom Natal.
9 de dezembro de 2010
Amanhã vou falar de voluntariado
Volto aqui hoje e trago comigo, uma vez mais, esta imagem de uma árvore de Natal feita do tempo que muitas pessoas deram umas às outras. No ano passado por esta altura o Padre Paulo Serra, da minha paróquia pediu a cada um de nós que oferece-se, voluntariamente, o seu tempo ao outro e depois escreve-se numa folha, numa flor e finalmente num fruto (anonimamente) a quem tinha dado esse tempo. Foi uma experiência maravilhosa! Hoje volto a ela porque fui convidada para ir amanhã, à TVI, ao programa Tardes da Júlia, falar de voluntariado e dar o meu testemunho... raramente vejo televisão, pelo que não sei detalhes, no entanto não podia participar nesta aventura sem partilhar convosco, que me acompanham, através deste blogue, que foi "fonte" de informações acerca das minhas actividades no voluntariado. Não penso que seja a pessoa mais indicada para ir à tv. Há imensos exemplos muito melhores que o meu para realçar... e acreditem, não é falsa modéstia, é mesmo verdade... no entanto e após alguma resistência decidi ir... espero estar à altura deste tema, espero motivar mais pessoas para esta postura que faz parte da minha forma de viver, desejo que estejam comigo... como sempre estiveram aqui... Obrigada por estarem ai.
13 de outubro de 2010
regresso à luz
As imagens dos mineiros a chegar à superfície, no Chile, e depois de terem vivido mais de dois meses debaixo da terra, a 700 metros de profundidade, marcou não só o meu dia mas marcará também o meu ano. Foi com enorme emoção e fé que esperei por este dia e foi também com uma anorme esperança que rezei por eles e pelas suas famílias, que acompanhei através da comunicação social, cujas vidas ficarão para sempre ligadas à minha. Não consigo importar imagens para aqui e tenho tido alguma dificuldade em escrever pois sou pouco conhecedora das ferramentas da net... no entanto, tinha que registar hoje aqui a minha alegria porque finalmente estes homens voltaram à luz. Eles, a sua esperança, a sua força e as sua fé são sinais profundamente inspiradores para mim. Junto-me hoje em oração a todos os que temos rezado para que este dia chegasse rápido, mas desta vez para agradecer ao Pai. Um destes homens marcou-me particularmente quando abriu a mochila para tirar algumas pedras que trouxe do fundo da terra. Fez-me pensar que sempre que passei por momentos maus... em todos consigui identificar uma luz... às vezes pequenina, às vezes quase invisível aos olhos dos outros, mas sempre muito importante para mim, porque me ajudou a valorizar o que tenho de bom e a perceber que as forças que tenho dentro de mim são, exactamente as que preciso para ultrapassar estes momentos... hoje sinto-me muito feliz e agradecida por estar a testemunhar este regresso à luz.
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27 de setembro de 2010
O ritmo da casa
Fecho a porta e olho a casa que se adapta a um novo ritmo. A fazer-lhe companhia ficam os cães, os gatos, os peixes, as flores e as árvores. Começa um novo ciclo nas nossas vidas e a casa fica entregue a todos estes seres e às suas vidas. Há décadas que não está assim, tão sossegada. Há decádas que os seus dias são feitos de vozes, música, choros, birras, mimos... sempre foi uma casa cheia, mesmo antes de nos receber e agora, finalmente, pode dedicar-se ao quase silêncio. Olho para ela e fico feliz por ser o nosso ponto de regresso. Sei que um dia conhecerá outras pessoas, assistirá a outras vivências, mas hoje, sabe-me bem imaginar-me a morar com ela muitos e muitos anos. Neste momento cada um de nós está já relativamente adaptado às novas rotinas, a este novo ano. A Mariana está radiante com o regresso à escola e todos os reencontros que há tanto esperava. O Manuel inaugurou uma escola num edifício lindo, transparente e cheio de luz. Novos e velhos amigos, nova professora, muitos e muitos desafios. Sinto-o feliz também. A Laura também inaugurou o mesmo edifício, mas no espaço do J.I. Não foi completamente linear e os seus argumentos para não ir à escola deixam-nos, tantas vezes, surpreendidos, mas a verdade é que está a começar a integrar-se e a adaptação está a correr bem. Eu e o Rui reunimos horários, coordenamos as escalas das viagens às escolas, ao conservatório, aos escuteiros e, no meu caso, este ano ainda viajarei para a faculdade de psicologia. Sim, a minha formação é numa área completamente diferente mas, finalmente, deicidi agarrar esta paixão e começo amanhã as aulas! É um grande desafio, espero estar capaz de o alcançar... falta apenas integrar o voluntariado. A cada Setembro começo uma acção de voluntariado que levo durante todo a ano, até Junho, Julho numa área. Este ano estou tentada a inscrever-me como visitadora de doentes. Já o faço, mas apenas aos idosos que conheço... será desafiante estar disponível para ouvir todos aqueles que não conheço. Deixo a todos um enorme abraço, um profundo obrigada pela companhia e pela preocupação que têm comigo e bom ano para todos e cada um dos vossos projectos. Voltarei aqui com mais regularidade, agora que os ritmos se ajustam e que a casa está assim, mais quieta, mais sossegada.
16 de setembro de 2010
acordar
Hoje acordei novamente no hospital e vou adormecer em casa. Faz precisamente um ano que tive alta do mesmo hospital. Depois de primeira cirurgia, do coma e da passagem pelos vários serviços da neurologia sinti hoje uma enorme alegria por sair daquele edifício, por repetir a sensação de caminhar na rua. Quando cheguei a casa encontrei uma mensagem linda colada na porta do meu quarto (o mimo estendeu-se ao pai que fica sempre nervoso quando voltamos a Santa Maria... são imensamente generosas as crianças).
Hoje não encontrei o o "peso" que senti no olhar dos meus filhos há um ano atrás. É radicalmente diferente a ansiedade com que me esperavam e isso fez-me sentir sossegada, o medo está a afastar-se deles. Para mim não foi fácil voltar o serviço onde já tinha sido operada. E, apesar da calma tive de segurar muito bem a mão de Jesus enquanto me preparavam. Confesso que quando as máquinas se aproximavam da minha cabeça pensei que não ia conseguir. Pedi uns momentos e até perceber que não estava só e foi isso que me deu forças para aguentar o momento em que os médicos pararam, intencionalmente, a irrigação a uma parte do cérebro para concluirem o exame. Senti o interior da minha cabeça como se estivesse a ser sugado por uma seringa... como se a massa estivesse a ser retirada. Mais uma vez senti algo que será muito próximo da morte, quando o sangue deixa de chegar ao cérebro... mas senti também a maravilhosa sensação de tudo voltar ao normal no interior da minha cabeça. Escrevo tudo isto porque este internamento trouxe-me algo mais. Além das caras conhecidas que encontrei, das experiências que partilhei e da excelente notícia que recebi: os três aneurimas que tinham sido tratados desapareceram completamente, esta estadia impôs-me muitos momentos de reflexão.
Dou graças porque este exame não podia ter um resultado melhor. Não voltarei a ter que colocar mais stents neste lado! Também agora sinto que aceitei muitas coisas que achava ter aceitado e não era bem assim. Aceitei que terei de voltar a fazer estes exames muitas vezes. Aceitei que faço parte das caras conhecidas do serviço e que devo dar graças a Deus por continuar a ir lá, ainda que me custe tanto ficar internada. A verdade é que isso quer apenas dizer que estou viva! Penso que até hoje estava convencida que já estaria despachada, os exames já não seriam tão exigentes... mas esta noite dei por mim a pensar em tudo o que me aconteceu desde há um ano. Para além do que cresci interiormente desde que acordei do coma, o que mais me emociona é sentir o previlégio que tenho por estar viva, muito mais viva que alguma vez tinha estado.
Não foi fácil este ano, não foi nada fácil "arrumar" a descoberta dos seis aneurismas em vez dos quatro que pensava ter. Não foi fácil despedir-me da minha mãe em Janeiro e no mês passado ver partir o meu pai. No entanto, os encontros com amigos que não via há anos, a celebração de um dos melhores dias da minha vida e o facto de estar a ser tratada fez deste ano um ano em grande! A partir de agora recomeçam as rotinas, as idas e vindas à escola, ao conservatório, ao meu voluntariado, aos escuteiros... e ainda o regresso a faculdade e a uma licemciatura que sempre ficou por fazer e me dará imenso prazer. Fica o meu agradeceimento a todos os que me acompanham, que pensam e rezam por mim sem me conhecerem, que se preocupam. Obrigada a todos. Fica esta oração, feita com palavras coloridas pelas aguarelas, que continua colada na porta do meu quarto e que diz: Bem Vinda Mãe. Obrigada por estarem ai.
Hoje não encontrei o o "peso" que senti no olhar dos meus filhos há um ano atrás. É radicalmente diferente a ansiedade com que me esperavam e isso fez-me sentir sossegada, o medo está a afastar-se deles. Para mim não foi fácil voltar o serviço onde já tinha sido operada. E, apesar da calma tive de segurar muito bem a mão de Jesus enquanto me preparavam. Confesso que quando as máquinas se aproximavam da minha cabeça pensei que não ia conseguir. Pedi uns momentos e até perceber que não estava só e foi isso que me deu forças para aguentar o momento em que os médicos pararam, intencionalmente, a irrigação a uma parte do cérebro para concluirem o exame. Senti o interior da minha cabeça como se estivesse a ser sugado por uma seringa... como se a massa estivesse a ser retirada. Mais uma vez senti algo que será muito próximo da morte, quando o sangue deixa de chegar ao cérebro... mas senti também a maravilhosa sensação de tudo voltar ao normal no interior da minha cabeça. Escrevo tudo isto porque este internamento trouxe-me algo mais. Além das caras conhecidas que encontrei, das experiências que partilhei e da excelente notícia que recebi: os três aneurimas que tinham sido tratados desapareceram completamente, esta estadia impôs-me muitos momentos de reflexão.
Dou graças porque este exame não podia ter um resultado melhor. Não voltarei a ter que colocar mais stents neste lado! Também agora sinto que aceitei muitas coisas que achava ter aceitado e não era bem assim. Aceitei que terei de voltar a fazer estes exames muitas vezes. Aceitei que faço parte das caras conhecidas do serviço e que devo dar graças a Deus por continuar a ir lá, ainda que me custe tanto ficar internada. A verdade é que isso quer apenas dizer que estou viva! Penso que até hoje estava convencida que já estaria despachada, os exames já não seriam tão exigentes... mas esta noite dei por mim a pensar em tudo o que me aconteceu desde há um ano. Para além do que cresci interiormente desde que acordei do coma, o que mais me emociona é sentir o previlégio que tenho por estar viva, muito mais viva que alguma vez tinha estado.
Não foi fácil este ano, não foi nada fácil "arrumar" a descoberta dos seis aneurismas em vez dos quatro que pensava ter. Não foi fácil despedir-me da minha mãe em Janeiro e no mês passado ver partir o meu pai. No entanto, os encontros com amigos que não via há anos, a celebração de um dos melhores dias da minha vida e o facto de estar a ser tratada fez deste ano um ano em grande! A partir de agora recomeçam as rotinas, as idas e vindas à escola, ao conservatório, ao meu voluntariado, aos escuteiros... e ainda o regresso a faculdade e a uma licemciatura que sempre ficou por fazer e me dará imenso prazer. Fica o meu agradeceimento a todos os que me acompanham, que pensam e rezam por mim sem me conhecerem, que se preocupam. Obrigada a todos. Fica esta oração, feita com palavras coloridas pelas aguarelas, que continua colada na porta do meu quarto e que diz: Bem Vinda Mãe. Obrigada por estarem ai.
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20 de agosto de 2010
11 de agosto de 2010
sementeiras imaginárias
O último dia que passamos juntos encontrei-o a rir, bem disposto, numa alegria fonte das lesões cerebrais que o protegeram da realidade. Pedia muitas vezes para partir, no entanto, até ao fim insistiu em sair daquela sala, ir para a rua, para casa. Naquela tarde encontrei-o muito "acordado", a podar uma árvore com o meu braço a servir-lhe de serrote em movimentos só nossos, que ninguém entendia mas que nos permitiram partilhar as tarefas que mais prazer lhe davam... cuidar das árvores, rega-las, cavar e mexer a terra. Depois disso passamos à sementeira e os movimentos do meu braço, orientados pelos dele faziam-se em círculos para que as sementes ficassem bem espalhadas. Após todas as "tarefas" estarem concluídas pediu-me que ligasse para um número de telefone que ia repetindo enquanto se corrigia em voz alta: "272... 5... 4... não, não, 55... 4..., não... 272..." tentei acalma-lo, dizendo-lhe que tinha que ir, já era tarde. Mas só me disse adeus porque para ele seria mais um "até já", pois para ele eu iria buscar alguém para nos levar dali. Despedi-de dele, abracei o seu corpo muito débil, beijei a cara e as mãos que me conduziram pela vida. A sua voz (num tom bastante alto) e as suas divagações numéricas acompanharam-me ao longo do corredor e enquanto esperava pelo elevador vi ao fundo um campo cheio de plantas a crescer... lembrei-me das que semeamos juntos naquela tarde e em como um dia iria "crescer".
 
voltei a casa onde crescem os dias que eu plantei e onde as manhãs precisam da minha presença. Esperei por novos resultados de novas análises. Esperei notícias enquanto me partilhei tantas coisas que vivi com ele e como foi poético este encontro feito de tantas tarefas imaginárias. Quando liguei novamente e me disseram que tinha partido percebi que por mais que julgasse que sim, nem de longe estava preparada para deixar de o ver, de o ouvir resmungar e reclamar pelos seus direitos e para impor os seus argumentos. Iniciamos uma nova viagem, mas desta vez marcada pelo silêncio, um silêncio que precisava para acomodar os últimos dias, todos os anos.
Voltamos todos à aldeia de onde ele partiu para a vida, a mesma para onde me trouxe para também dali eu partir. Deixou-me dele muitas coisas, entre elas essa vontade de partir, de viajar para que encontre sempre o aconchego que gosto tanto de sentir quando regresso a casa. Foi humilde e poderoso, generoso e arrogante, verdadeiro e implacável... foi pouco para tantos e imensamente muito para mim. Teria ficado muito feliz por saber que o amigo da vida não faltou a este último encontro. A última vez que atravessamos juntos a nossa aldeia o meu coração fez-se pequenino enquanto pedia a Jesus que olhasse por ele. Até ali fizemos isso juntos, agora deixava-o completamente a Ele. Sei que agora descansa finalmente. Acabaram as dores, ficaram as saudades, as respostas do Ministério da Saúde às suas mais recentes indignações e por fim as últimas conversas, sementeiras, e operações matemáticas imaginárias. Partiu sem dores e protegidos pelas lesões cerebrais que o retiraram antecipadamente da realidade que essa sim, o faria sofrer. Disse-me adeus, eu disse-lhe adeus. Contei-lhe tudo, partiu a saber todas as novidades das nossas vidas. Partiu informado de tudo e actualizado, como sempre viveu. Ao sair do cemitério olhava para trás, para o lugar onde tínhamos deixado a "casa" onde vivem tantos anos e ao seguir o meu caminho confortava as minhas saudades com os movimentos tão novos, tão jovens de três crianças e um adolescente que são ramificações da grande árvore que ele foi. E foi esse cuidar bem da terra, essa tarefa incansável que cumpriu até ao fim que está à vista, os quatro netos. Sei que está junto do Pai e que velará por nós, na companhia da minha mãe e da família que um dia encontraremos. Como vez durante a vida toda, despediu-se de nós promovendo encontros, que me cabe agora cuidar. E cuidar dos frutos que plantou e que me entregou no nosso último encontro. Perdemos todos uma presença muito forte, uma referência marcante, ficamos com uma imensa herança de valores, ensinamentos, desafios. Sinto uma enorme dificuldade em terminar este texto pois terei que o finalizar com a frontalidade que o marcou e que gora as palavras me impõem: o meu pai morreu.
 
voltei a casa onde crescem os dias que eu plantei e onde as manhãs precisam da minha presença. Esperei por novos resultados de novas análises. Esperei notícias enquanto me partilhei tantas coisas que vivi com ele e como foi poético este encontro feito de tantas tarefas imaginárias. Quando liguei novamente e me disseram que tinha partido percebi que por mais que julgasse que sim, nem de longe estava preparada para deixar de o ver, de o ouvir resmungar e reclamar pelos seus direitos e para impor os seus argumentos. Iniciamos uma nova viagem, mas desta vez marcada pelo silêncio, um silêncio que precisava para acomodar os últimos dias, todos os anos.
Voltamos todos à aldeia de onde ele partiu para a vida, a mesma para onde me trouxe para também dali eu partir. Deixou-me dele muitas coisas, entre elas essa vontade de partir, de viajar para que encontre sempre o aconchego que gosto tanto de sentir quando regresso a casa. Foi humilde e poderoso, generoso e arrogante, verdadeiro e implacável... foi pouco para tantos e imensamente muito para mim. Teria ficado muito feliz por saber que o amigo da vida não faltou a este último encontro. A última vez que atravessamos juntos a nossa aldeia o meu coração fez-se pequenino enquanto pedia a Jesus que olhasse por ele. Até ali fizemos isso juntos, agora deixava-o completamente a Ele. Sei que agora descansa finalmente. Acabaram as dores, ficaram as saudades, as respostas do Ministério da Saúde às suas mais recentes indignações e por fim as últimas conversas, sementeiras, e operações matemáticas imaginárias. Partiu sem dores e protegidos pelas lesões cerebrais que o retiraram antecipadamente da realidade que essa sim, o faria sofrer. Disse-me adeus, eu disse-lhe adeus. Contei-lhe tudo, partiu a saber todas as novidades das nossas vidas. Partiu informado de tudo e actualizado, como sempre viveu. Ao sair do cemitério olhava para trás, para o lugar onde tínhamos deixado a "casa" onde vivem tantos anos e ao seguir o meu caminho confortava as minhas saudades com os movimentos tão novos, tão jovens de três crianças e um adolescente que são ramificações da grande árvore que ele foi. E foi esse cuidar bem da terra, essa tarefa incansável que cumpriu até ao fim que está à vista, os quatro netos. Sei que está junto do Pai e que velará por nós, na companhia da minha mãe e da família que um dia encontraremos. Como vez durante a vida toda, despediu-se de nós promovendo encontros, que me cabe agora cuidar. E cuidar dos frutos que plantou e que me entregou no nosso último encontro. Perdemos todos uma presença muito forte, uma referência marcante, ficamos com uma imensa herança de valores, ensinamentos, desafios. Sinto uma enorme dificuldade em terminar este texto pois terei que o finalizar com a frontalidade que o marcou e que gora as palavras me impõem: o meu pai morreu.
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28 de julho de 2010
Noivos oferecem "prendas" à Unicef para combater malária
Sei de um casamento que se irá realizar em breve e que será um dia cheio de significado. Trata-se de um dia muito especial que será o culminar de mais de dez anos de vida em comum, onde a lua-de-mel acontece primeiro, numa festa feita em casa e, o que mais me cativa é partilhar a ideia que envolve este casamento. Sei que os noivos não querem os tradicionais "presentes" e pretendem apenas que a família e os amigos venham apenas para se encontrar. Sei também que se lembraram de lançar um desafio aos convidados... que em vez dos presentes fizessem um donativo à Unicef, através do projecto "Sonhos Seguros". Sei que há imensa gente generosa e com ideias como esta, no entanto, antes de tratar das malas decidi divulgar aqui esta ideia e talvez ela chegue mais longe... sei que não estou a violar a privacidade dos noivos pois sei, de fonte seguríssima, que o grande objectivo é que muitos se juntem a eles. Assim, aqui fica o texto que a Unicef lhes enviou. Este ano, nas noites quentes podemos sempre lembrar-nos que em África, as noites são povoadas de mosquitos que matam... quem sabe na manhã seguinte algum de nós possa acordar, ainda que com uma picadelas, mas com a certeza de que daí a umas horas o inchaço passa e como 4 euros podem fazer a diferença numa vida. Passem a palavra! Sei que muitos ficarão cativados com a ideia destas duas pessoas... e de tantas que há à nossa volta sempre que nos pedem para ajudar! Agora sim, boas férias a todos.
Diz assim a Unicef Portugal
"Cada 30 segundos morre uma criança em África devido a causas associadas à malária. É um flagelo que pode ser facilmente evitado, a solução não é complicada nem cara. Todos podemos ajudar a salvar a vida destas crianças fornecendo às famílias redes mosquiteiras impregnadas de insecticida.
É durante a noite que os mosquitos transmissores da malária estão mais activos, por isso se conseguirmos que as crianças africanas durmam debaixo de uma rede mosquiteira estamos s contribuir para evitar a sua morte.
Uma rede mosquiteira custa 4 €!
A UNICEF lançou a campanha Sonhos Seguros com o objectivo de fazer chegar uma rede mosquiteira impregnada de insecticida de longa duração a todas as crianças da África subsariana que deles precisam.
Em 2009 a UNICEF que é o principal fornecedor mundial destas redes distribuiu cerca de 20 milhões!
O objectivo para 2010 é conseguir distribuir 25 milhões, se quer ajudar a eliminar a malária na África subsariana junte-se à UNICEF e faça o seu donativo através de:
Transferência bancária – NIB 0033 0000 5013 1901 2290 5
Cheque endereçado á UNICEF
Multibanco – Transferências – Ser Solidário – UNICEF
Homebanking e Multibanco – Entidade 20 467 – Referência 777 777 777
Para receber o recibo do seu donativo deverá enviar o nome e morada completos assim como o NIF.
Margarida Ramirez Cordeiro
Dir. Recolha de Fundos
Comité Português para a UNICEF
Av. A. A. Aguiar, 56, 3º E
1069-115 Lisboa
Tel: 21 317 75 00
Fax: 21 354 79 13
E-mail: mrcordeiro@unicef.pt
______________________________
Juntos pelas crianças
Diz assim a Unicef Portugal
"Cada 30 segundos morre uma criança em África devido a causas associadas à malária. É um flagelo que pode ser facilmente evitado, a solução não é complicada nem cara. Todos podemos ajudar a salvar a vida destas crianças fornecendo às famílias redes mosquiteiras impregnadas de insecticida.
É durante a noite que os mosquitos transmissores da malária estão mais activos, por isso se conseguirmos que as crianças africanas durmam debaixo de uma rede mosquiteira estamos s contribuir para evitar a sua morte.
Uma rede mosquiteira custa 4 €!
A UNICEF lançou a campanha Sonhos Seguros com o objectivo de fazer chegar uma rede mosquiteira impregnada de insecticida de longa duração a todas as crianças da África subsariana que deles precisam.
Em 2009 a UNICEF que é o principal fornecedor mundial destas redes distribuiu cerca de 20 milhões!
O objectivo para 2010 é conseguir distribuir 25 milhões, se quer ajudar a eliminar a malária na África subsariana junte-se à UNICEF e faça o seu donativo através de:
Transferência bancária – NIB 0033 0000 5013 1901 2290 5
Cheque endereçado á UNICEF
Multibanco – Transferências – Ser Solidário – UNICEF
Homebanking e Multibanco – Entidade 20 467 – Referência 777 777 777
Para receber o recibo do seu donativo deverá enviar o nome e morada completos assim como o NIF.
Margarida Ramirez Cordeiro
Dir. Recolha de Fundos
Comité Português para a UNICEF
Av. A. A. Aguiar, 56, 3º E
1069-115 Lisboa
Tel: 21 317 75 00
Fax: 21 354 79 13
E-mail: mrcordeiro@unicef.pt
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Juntos pelas crianças
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Ontem foi um dia em grande. Há muito não me sentia tão contente. Um dia que ficou marcados pelos mergulhos, pelas gargalhadas e por movimentos de partilha. Esta imagem lembra-me a luz que ontem senti a correr-me nas artérias. Muito bom. Inicio aqui uma pausa para as férias, que desejo tenham muitos dias como o de ontem. Um abraço a todos e até breve!
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27 de julho de 2010
Sete Pausas na Beleza
O site do Passo a Rezar.net apresenta esta semana uma proposta de luxo! Quero trazê-la para aqui e proponho a todos, crentes e não crentes que se deliciem com estas sete pausas na beleza... passo a citar:
"A beleza visita-nos com o jeito da surpresa. Comove os sentidos e toca a alma bem no seu centro. No Verão, talvez o teu tempo dos lugares longínquos e estranhos, o passo-a-rezar.net oferece-te, além das orações para cada dia, as "pausas" e a beleza que só a Bíblia pode dizer.
O P. José Tolentino Mendonça é o nosso convidado de honra e os seus textos a senda que nos descobre o tesouro que possuímos sem nunca dele tomarmos posse. O som dos sinos e das músicas e as vozes do Pedro Granger e da Susana Arrais são a companhia que te esperam, na pausa e na beleza. Bom Verão!
Música
Texto Bíblico
Pausa I Patrick Hawes, Love's promise | Love's Echo | Perfect Love
(CD) Song of Songs, Elin Manahan Thomas/ The English Chamber Orchestra
© Signum Records – www.signumrecords.com
Ct 2, 8-14
Pausa II Margaret Rizza, O Lord, my heart is not proud
(CD) Complete Chants
© Kevin Mayhew Publishers – www.kevinmayhew.com
Lc 12, 22-32
Pausa III Anónimo/ Tradicional, Canarios (improvisations) | La Cançõ del Lladre
(CD) Du temps & de l’instant, Jordi Savall/ Arianna Savall/ Ferran Savall
© Alia Vox– www.alia-vox.com
Ecl 3,1-8
Pausa IV Marco Frisina, Chi ci separerà | Shemà
(CD) The best of Marco Frisina | Verso la gioia
© Heristal Entertainment – www.heristal.eu
Is 43, 1-5
Pausa V John Rutter, The Lord bless you and keep you | The Lord is my shepherd
(CD) Requiem & other choral Works, Polyphony/ Bournemouth Sinfonietta/ Stephen Layton
© Hyperion Records – www.hyperion-records.com.uk
Sl 23, 1-6
Pausa VI Charles Villiers Stanford, Magnificat in G | A Song of wisdom
(CD) Hear My Words, Eton College Chapel Choir
© Signum Records – www.signumrecords.com
Pr 8, 22-31
Pausa VII Comunidade de Taizé, Exaudi orationem meam | Aber du weisst den Weg für mich
(CD) Mane Nobiscum
© Ateliers et Presses de Taizé – www.taize.fr/pt
Ap 21, 9-22"
Todos os detalhes em... http://www.passo-a-rezar.net/index.php?a=uirgqrrluuusuornuqrirtqhukqjrtrurnulrirqqhvmqjrtrk
A companhia destes passos é uma constante nos meus dias e passo a leva-la para as minhas férias. Um abraço refrescante e um convite a mergulhar no mar da Ericeira. Boas férias!
"A beleza visita-nos com o jeito da surpresa. Comove os sentidos e toca a alma bem no seu centro. No Verão, talvez o teu tempo dos lugares longínquos e estranhos, o passo-a-rezar.net oferece-te, além das orações para cada dia, as "pausas" e a beleza que só a Bíblia pode dizer.
O P. José Tolentino Mendonça é o nosso convidado de honra e os seus textos a senda que nos descobre o tesouro que possuímos sem nunca dele tomarmos posse. O som dos sinos e das músicas e as vozes do Pedro Granger e da Susana Arrais são a companhia que te esperam, na pausa e na beleza. Bom Verão!
Música
Texto Bíblico
Pausa I Patrick Hawes, Love's promise | Love's Echo | Perfect Love
(CD) Song of Songs, Elin Manahan Thomas/ The English Chamber Orchestra
© Signum Records – www.signumrecords.com
Ct 2, 8-14
Pausa II Margaret Rizza, O Lord, my heart is not proud
(CD) Complete Chants
© Kevin Mayhew Publishers – www.kevinmayhew.com
Lc 12, 22-32
Pausa III Anónimo/ Tradicional, Canarios (improvisations) | La Cançõ del Lladre
(CD) Du temps & de l’instant, Jordi Savall/ Arianna Savall/ Ferran Savall
© Alia Vox– www.alia-vox.com
Ecl 3,1-8
Pausa IV Marco Frisina, Chi ci separerà | Shemà
(CD) The best of Marco Frisina | Verso la gioia
© Heristal Entertainment – www.heristal.eu
Is 43, 1-5
Pausa V John Rutter, The Lord bless you and keep you | The Lord is my shepherd
(CD) Requiem & other choral Works, Polyphony/ Bournemouth Sinfonietta/ Stephen Layton
© Hyperion Records – www.hyperion-records.com.uk
Sl 23, 1-6
Pausa VI Charles Villiers Stanford, Magnificat in G | A Song of wisdom
(CD) Hear My Words, Eton College Chapel Choir
© Signum Records – www.signumrecords.com
Pr 8, 22-31
Pausa VII Comunidade de Taizé, Exaudi orationem meam | Aber du weisst den Weg für mich
(CD) Mane Nobiscum
© Ateliers et Presses de Taizé – www.taize.fr/pt
Ap 21, 9-22"
Todos os detalhes em... http://www.passo-a-rezar.net/index.php?a=uirgqrrluuusuornuqrirtqhukqjrtrurnulrirqqhvmqjrtrk
A companhia destes passos é uma constante nos meus dias e passo a leva-la para as minhas férias. Um abraço refrescante e um convite a mergulhar no mar da Ericeira. Boas férias!
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22 de julho de 2010
"segue o teu coração"
Gosto de transparências. E faz-me muito bem andar com elas pelos meus dias. Aqui partilho uma dessas transparências que me inspiram e que me fazem pensar no fabuloso que é viver livre de preconceitos e ter a oportunidade de escutar.
19 de julho de 2010
luzes dos fim de dia
Estas imagens marcam o regresso a casa num fim de dia demasiado intenso... Um dia demasiado forte, bastante doloroso e muito, muito quente e longo... a tristeza que se balançava no meu coração e virava o carro, ligeiramente mais para os lados nas curvas mais apertadas, era enorme. Tão grande, tão grande que... que se desfez mal olhei para a janela e vi este sol a esconder-se atrás das árvores, dos montes, das minhas memórias e me acompanhava.
Esta cor fez parar alguns carros, fez sair das bagageiras as máquinas fotográficas das pessoas, que pararam na berma da via rápida, fez-me companhia até a noite chegar. No momento em que as luzes trocam de lugares, este toque objectivo de Deus no meu coração fez-me sentir a graça de viver cada um destes fins de tarde.
Os últimos dias não têm sido nada fáceis, novos desafios surgem para me desacomodar e há vezes em que só o silêncio me aquieta... Hoje o dia trouxe luz sobre os medos de uma miúda que acompanhei e que viveu meses e meses de inseguranças. E hoje o dia trouxe novos compassos de espera. Hoje o dia trouxe novamente a vontade das palavras, mais ou menos contraditórias... E, hoje o dia trouxe também a vontade de voltar a esta imagem e a esta luz de Cristo que me acompanha e me ilumina com tantas forças. Hoje o dia termina com uma enorme emoção. As palavras calam-se agora. A intimidade com o Pai impõe-se e nada farei neste momento a não ser agradecer-Lhe.
13 de julho de 2010
as emoções do Mundial
As imagens do beijo que Iker Cassillas deu à namorada no final do jogo em que a Espanha, pela primeira vez se tornou campeã do mundo de futebol, já correram o planeta, no entanto apetece-me lembra-las aqui porque reflectem o que me faz vibrar mais nos grandes jogos de futebol e no mundial, em particular... as emoções. Como não sou muito entendida nas jogadas, técnicas e tácticas futebolísticas gosto mais de observar as emoções e as expressões dos que jogam, dos que assistem, e dos "treinadores" cá de casa. A alegria das multidões comove-me sempre. Esta imagem regista um momento de pura emoção, alegria e afectos... e faz-me pensar em como o mundo reage bem quando estas demonstrações de afecto não conseguem ficar presas as normas profissionais e como desarmam quem as testemunha. Grande capitão! E muito parabéns a toda a Espanha.
10 de julho de 2010
O equilíbrio dos dias
Há dias em que as horas se agitam mas se fazem demoradas, lentas... dias em que o tempo me faz sentir suspensa, entre um bater acelerado do ritmo cardíaco e a necessidade de saber esperar... esta semana começou com a notícia do internamento do meu pai, nos cuidados intensivos, e a urgência de ir ter com ele. Confrontar-me com a incapacidade de compreender as suas palavras fez-me pensar nos dias em que era eu que não conseguia explicar-me... e naqueles momentos o tempo corre mais rápido que o vento, numa visita com a mesma medida, quinze minutos! Enquanto esperava pela próxima visita dediquei as horas a revisitar locais onde tinha sido muito feliz naquela cidade, a casa e as escolas por onde passei. Os edifícios estão hoje muito mais giros, alguns deles com marcas bastante visíveis da criatividade e da participação dos alunos na decoração da escola... as mesmas paredes, as mesmas árvores que guardam horas minhas cheias de tempos diferentes... Nesta viagem pelos ponteiros regresso a casa e como acontece sempre que viajo, adoro chegar a casa. Desta vez a hora da chegada traduz-se através desta imagem da minha filha que fez parar o meu tempo, na Ericera, onde ela e os irmãos me acomodam as ansiedades através de sonantes gargalhadas que fazem questão de tornar muito prolongadas. Equilibram-se assim as horas através do passado que promove partilhas, que faz rir e do presente grandioso e cheio de minutos grandes que me lembram como sou imensamente privilegiada por usufruir, assim, exactamente assim, de tantas horas. Trago também comigo a recuperação fantasticamente veloz do meu pai que já tem um paecemaker definitivo, que já saiu dos cuidados intensivos (o que representam mais horas de visita no nosso próximo encontro) e uma mesma atitude perante a vida que no caso dele tempo nenhum conseguiu alterar.
8 de julho de 2010
Palavras que acompanham as nossas vidas
As palavras de Matilde Rosa Araújo têm sido uma constante nesta fabulosa viagem que é acompanhar e educar os meus três filhos. Sem as palavras, os livros, a poesia, as canções, as ilustrações... sem isso, o nosso trabalho seria menos intenso, talvez, e os resultados, com certeza, menos divertidos... A forma que encontro de homenagear alguém é mantê-lo vivo e, cá em casa, Matilde Rosa Araújo já é conhecida pelos meus netos.
Caixinha de Música
Grilo, grilarim,
Tens um canto azul
Na noite de cetim!
Cigarra, cigarraia,
Tens um canto branco
No dia de cambraia!
Formiga, miga, miga,
Só tu cantas os nadas
Do silêncio do Sol,
Das estrelas caladas...
Matilde Rosa Araújo
Caixinha de Música
Grilo, grilarim,
Tens um canto azul
Na noite de cetim!
Cigarra, cigarraia,
Tens um canto branco
No dia de cambraia!
Formiga, miga, miga,
Só tu cantas os nadas
Do silêncio do Sol,
Das estrelas caladas...
Matilde Rosa Araújo
2 de julho de 2010
Filhas
Os últimos dias têm sido marcados pela companhia das minhas filhas. Cada uma à sua maneira despertam muitas emoções e vê-las crescer é, de facto, um enorme privilégio! Estes últimos dias ficaram marcados pela perda do meu telemóvel e depois da confusão e do desapontamento por me desorientar... depois disso, veio um contentamento... uma sensação interior de liberdade, por não me sentir dependente do telemóvel e, estando os miúdos de férias, mais se alonga essa sensação. Uma destas tardes fomos as três à praia e divertimo-nos imenso. Estar ali, em frente àquele imenso mar azul trouxe-nos uma grande paz, partilhada num silêncio nosso, feito de gestos, danças de mãos e também de momentos de oração aos quais a L. já se junta a mim, esticando bem os braços, imitando os meus movimentos, palavras e até expressões! Muito bom foi também perceber que a M. enfiou um livro na mochila e agarrou-se literalmente, mergulhando na leitura. Adoro ver este vício a propagar-se...
Num dia que ficou marcado por uma consulta que não chegou a acontecer (o meu médico anda adoentado) passei mesmo em frente a estas janelas. Fiquei radiante por olhar para elas e perceber que me lembrava, exactamente, do que significam para mim. Foi do lado de lá que a L. nasceu e foi ali que lhe pegamos ao colo. Pensar que, apesar de me ter esquecido de tantas coisas, há tantas outras e tão boas que não apaguei faz-me sentir feliz. E mais feliz ainda quando percebo a dimensão da proteção que tive de Deus durante tantos anos e em momentos de alto risco...
A vida está cheia de compensações boas e é nos dias de mais ansiedade que mais voltam à minha memória momentos bons. Sinto-me muito grata por isso.
Amanhã o meu filho vai representar uma peça de teatro constituída de improvisos com um grupo de amigos. Vai ser um grande espectáculo, e a roupa que escolheu para o seu fidalgo já está em cima da cadeira à espera do amanhã que será um dia em grande!
Num dia que ficou marcado por uma consulta que não chegou a acontecer (o meu médico anda adoentado) passei mesmo em frente a estas janelas. Fiquei radiante por olhar para elas e perceber que me lembrava, exactamente, do que significam para mim. Foi do lado de lá que a L. nasceu e foi ali que lhe pegamos ao colo. Pensar que, apesar de me ter esquecido de tantas coisas, há tantas outras e tão boas que não apaguei faz-me sentir feliz. E mais feliz ainda quando percebo a dimensão da proteção que tive de Deus durante tantos anos e em momentos de alto risco...
A vida está cheia de compensações boas e é nos dias de mais ansiedade que mais voltam à minha memória momentos bons. Sinto-me muito grata por isso.
Amanhã o meu filho vai representar uma peça de teatro constituída de improvisos com um grupo de amigos. Vai ser um grande espectáculo, e a roupa que escolheu para o seu fidalgo já está em cima da cadeira à espera do amanhã que será um dia em grande!
29 de junho de 2010
Graffitis surpresa
Ontem enquanto procurava uma morada em Lisboa eu e a minha sobrinha deparamo-nos com este graffiti espectacular! À saída da estação de metro Picoas esta imagem foi uma grande surpresa e, por coincidência quando entro no blogue da Laurinda Alves encontro um post sobre os graffitis que "habitam" alguns prédios de Berlim. Muito giras as imagens que ela partilha no blogue. Trabalhos assim, onde a imaginação e a criatividade ganham espaço parecem-me sempre uma excelente forma para cuidar de alguns dos edifícios da nossa cidade...
13 de junho de 2010
caminhos
Há "caminhos" feitos de palavras que se cruzam comigo e há palavras que meto no bolso porque... simplesmente não lhes resisto! Sempre que compro alguma coisa a primeira coisa que me vem à cabeça é, se preciso mesmo, do saco que me oferecem... e na grande maioria das vezes dispenso-o imediatamente. Eu e uma grande parte das pessoas. Não sou caso raro e ainda bem. No entanto, no caso deste saco quis ficar com ele. Traz impresso um texto onde leio uma uma oração que me ajuda a orientar os meus dias.
8 de junho de 2010
Parabéns Mariana
"Numa luminosa manhã de Primavera uma menina estrela esperneou-se tanto dentro do seu planeta que saltou para um universo maior.
Por cá viaja há onze anos espalhando um encantamento à sua passagem que faz nascer sorrisos.
A essa menina estrela foi dado o nome de Mariana e desde aquela manhã de Domingo, enche de ternura os dias.
Se hoje se cruzarem com ela, gritem bem alto: Parabéns!"6 de Junho, de 2010
No Domingo festejamos o 11º aniversário da nossa filha Mariana. Numa festa com menos convidados que habitualmente e uma compreensão cativante por parte dela, passamos o dia mais juntos. Este ano o bolo também foi uma surpresa para ela e foi decorado com uma mensagem nossa (na letra do pai que é muito mais bonita que a minha) e que está registada na foto, ainda que não se consiga ver bem. Estamos radiantes por vê-los crescer, empolgamos-nos para lhes preparar surpresas, não daquelas muito caras, mas das que são feitas de nós. O pai não tirou os olhos dela, como que a adivinhar-lhe novas partilhas. E com os irmãos o dia foi feito de calmaria, de cumplicidades, mas também de muita excitação. Como este ano foi um aniversário mais calmo tive oportunidade de observar esta família que somos nós e o amor que pulsa, invisível mas muitíssimo forte, entre cada um. E isso fez-me reflectir mais uma vez em como sou, absolutamente, privilegiada por ser parte deles. Como os amo e como dou graças a Deus, ao nosso Deus sempre presente, por me ter colocado no caminhos este marido e estes filhos. E algum tempo depois da tempestade provocada em todos por uma doença que há um ano eu não conhecia, mas da qual Deus já me protegia, há anos, sem dar sinal... passado este tempo, o Domingo passado trouxe emoções e silêncios que me encheram interiormente.
1 de junho de 2010
Um Junho cheio do Espírito Santo
Junho é o mês onde moram algumas das datas mais importantes da minha vida. E começa logo hoje com o Dia da Criança, que é sem dúvida um dia a que o mundo inteiro deveria dedicar alguns momentos de reflexão e de oração. Encontrei este vídeo no site do essejota e fez todo o sentido trazê-lo para aqui, e com ele dar início a mais um mês de Junho. Que o Espírito Santo, que nos acompanha sempre, possa ter a nossa atenção a cada momento dos nossos dias.
30 de maio de 2010
Novos mergulhos
Após uma semana cheia de momentos intensos e muito bons, que me fizeram crescer muito, decoro com outra imagem, mais refrescante e azul, a porta deste minha casa.
O calor começa a posicionar-se e lá fora novas vidas prendem os nossos momentos. As obras terminaram e o jardim vai tomando forma. Já começamos a levar as flores para os canteiros. E eu, não posso sentir-me mais afortunada porque após estes dias, mais agitados e um pouco cansativos, percebo que as minhas limitações se vão afastando... a passos curtos, mas constantes. Na mesa da cozinha um grupo de amigos prepara experiência espectaculares que fazem parte de um trabalho de avaliação. A L. dorme e o R. anda lá fora, provavelmente de volta das alfaces. Eu guardo o sono de uma filha, enquanto escrevo, em frente a um pedacinho de oceano que me traz paz. Novos mergulhos se adivinham nas nossas vidas. As férias correm direitas a nós e o aniversário da M. também. As ideias saltitam, empurram-se umas às outras, pedem protagonismos. Ando sempre com um bloco de notas para não me esquecer de nenhuma!Nem de ninguém. Adoro este movimento de alegrias, estes preparativos para datas muito especiais e estes encontros que a vida me oferece. A M. foi ao Rock in Rio ontem e conseguiu ver, de muito perto, a Milie Cyrus. Nós vimos o concerto pela tv. Hoje chegou a casa e foi muito bom porque já lhe sentiamos a falta... saiu para casa de uma amiga, na sexta de manhã e só chegou esta tarde. É bom ter os filhos de volta a casa. Sabe bem recebê-los quando temos a certeza que trazem tantas experiências fantásticas para partilhar. Que bom ter a oportunidade de viver todos estes dias, com tantas graças que Deus me dá.
O calor começa a posicionar-se e lá fora novas vidas prendem os nossos momentos. As obras terminaram e o jardim vai tomando forma. Já começamos a levar as flores para os canteiros. E eu, não posso sentir-me mais afortunada porque após estes dias, mais agitados e um pouco cansativos, percebo que as minhas limitações se vão afastando... a passos curtos, mas constantes. Na mesa da cozinha um grupo de amigos prepara experiência espectaculares que fazem parte de um trabalho de avaliação. A L. dorme e o R. anda lá fora, provavelmente de volta das alfaces. Eu guardo o sono de uma filha, enquanto escrevo, em frente a um pedacinho de oceano que me traz paz. Novos mergulhos se adivinham nas nossas vidas. As férias correm direitas a nós e o aniversário da M. também. As ideias saltitam, empurram-se umas às outras, pedem protagonismos. Ando sempre com um bloco de notas para não me esquecer de nenhuma!Nem de ninguém. Adoro este movimento de alegrias, estes preparativos para datas muito especiais e estes encontros que a vida me oferece. A M. foi ao Rock in Rio ontem e conseguiu ver, de muito perto, a Milie Cyrus. Nós vimos o concerto pela tv. Hoje chegou a casa e foi muito bom porque já lhe sentiamos a falta... saiu para casa de uma amiga, na sexta de manhã e só chegou esta tarde. É bom ter os filhos de volta a casa. Sabe bem recebê-los quando temos a certeza que trazem tantas experiências fantásticas para partilhar. Que bom ter a oportunidade de viver todos estes dias, com tantas graças que Deus me dá.
26 de maio de 2010
encontros e histórias
A II edição da semana da leitura, do Centro Social e Paroquial do Milharado está a decorrer desde segunda-feira e tem sido um prazer imenso apresentar e conduzir as manhãs que reúnem crianças dos jardins de infância e das escolas do 1º ciclo aos nossos utentes. Nada se compara ao sorriso com que me recebem logo pela manhã, nem à alegria com que observam as crianças durante as sessões, quando um dos convidados esta a contar uma história. Iniciamos esta "maratona" com um conto que falava de animais e de sons e descobrimos juntos que os grilos, os pirilampos, os sapos e tantos outros animais são música e luz das noites de muitos de nós.
Na terça-feira recebemos com grande prazer e desassossego o Comandante dos Bombeiros da Malveira. O Comandante Miguel não trouxe uma história, mas sim, a sua própria história. Falou do sua entrada nos bombeiros, ainda criança, através da fanfarra, do momento em que subiu a cadete, do seu primeiro grande incêndio (comum ao imaginário dos adultos pela enorme tristeza que guardamos do momento em que vimos o Chiado a arder...). Depois falou também do dia do seu casamento, dos filhos, da mulher e da sua aldeia. O Comandante Miguel lembrou o cuidado que devemos ter com o fogo, mostrou-nos imensos pormenores associados a esta missão tão nobre e, emocionou-nos com as recordações que "acordou" nos mais velhos, através do significado do som das sirenes.
O Comandante Miguel ensinou-nos ainda como brincava aos bombeiros quando era criança. Trouxe um saco de plástico e uma tesoura e fez um chapéu que encheu de orgulho todos os que o usaram! Muito bom.
Hoje tivemos a visita da educadora Graça que nos contou e encantou a todos através da maneira cativante e sedutora com que conta a história da Rapunzel. Prendeu a atenção das crianças, mas também dos adultos e, em especial, dos mais velhos que não tiravam os olhos dela e que riam, pois para eles esta história é também uma novidade!
O senhor Sampaio, o rouxinol do Centro de Dia, cantou a bom cantar, em português e espanhol, um pouco todos os dias. Emociona-me ver um homem com a idade dele, com as feridas que traz, na alma e também no corpo, levantar-se com tanta dignidade, apoiando-se no seu andarilho para cantar bem alto. Sente-se como fica feliz por perceber que não foi esquecido, que é reconhecido pelos meninos que o ouviram cantar há um ano. Também a D. Piedade, dos seus 87 anos, tem recitado várias poesias da sua autoria. Não sabe ler, mas mostra-nos a cada encontro, uma memória fantástica e lança o desafio, a cada um de nós, para olharmos com mais atenção para as inúmeras capacidades dos idosos... alertas que nos podem ajudar, servindo-nos de exemplo. Muito, muito bom.
Amanhã contamos com o Prior do Milharado, Padre Paulo Serra, que para além de iniciar a sessão (como faz diariamente), também será o contador de serviço. Na sexta-feira recebemos o Cabo Costa, representante da GNR, e que todos conhecemos através das acções que desenvolve, no âmbito do projecto Escola Segura. Já esteve connosco no Centro de Dia, deu-nos bons conselhos... esta semana virá como contador de histórias! Sabe muito bem assistir a todos estes encontros e, apesar de estar um pouco rouca, tenho conseguido conduzir as sessões de uma forma bastante clara... pelo menos é o que sinto, ainda que as palavras às vezes se enrolem à língua... e, algumas vezes, não acompanhem a velocidade dos pensamentos... mas ninguém nota e eu tenho-me divertido à brava! Sinto-me melhor a cada dia. E às vezes até me esqueço das recomendações médicas... tal não é a eficácia desta medicação, que tenho feito esta semana, e que tomo através de us comprimidos que, como diz a bula são constituídos de sorrisos em rostos já vividos, inquietação e ternura nos olhares mais novos e... uma enorme dosagem de previlégio, por estar a assistir a isto tudo. Contra-indicações esta medicação... não tem.! E, é mesmo esta que me faz sentir melhor a cada dia.
Na terça-feira recebemos com grande prazer e desassossego o Comandante dos Bombeiros da Malveira. O Comandante Miguel não trouxe uma história, mas sim, a sua própria história. Falou do sua entrada nos bombeiros, ainda criança, através da fanfarra, do momento em que subiu a cadete, do seu primeiro grande incêndio (comum ao imaginário dos adultos pela enorme tristeza que guardamos do momento em que vimos o Chiado a arder...). Depois falou também do dia do seu casamento, dos filhos, da mulher e da sua aldeia. O Comandante Miguel lembrou o cuidado que devemos ter com o fogo, mostrou-nos imensos pormenores associados a esta missão tão nobre e, emocionou-nos com as recordações que "acordou" nos mais velhos, através do significado do som das sirenes.
O Comandante Miguel ensinou-nos ainda como brincava aos bombeiros quando era criança. Trouxe um saco de plástico e uma tesoura e fez um chapéu que encheu de orgulho todos os que o usaram! Muito bom.
Hoje tivemos a visita da educadora Graça que nos contou e encantou a todos através da maneira cativante e sedutora com que conta a história da Rapunzel. Prendeu a atenção das crianças, mas também dos adultos e, em especial, dos mais velhos que não tiravam os olhos dela e que riam, pois para eles esta história é também uma novidade!
O senhor Sampaio, o rouxinol do Centro de Dia, cantou a bom cantar, em português e espanhol, um pouco todos os dias. Emociona-me ver um homem com a idade dele, com as feridas que traz, na alma e também no corpo, levantar-se com tanta dignidade, apoiando-se no seu andarilho para cantar bem alto. Sente-se como fica feliz por perceber que não foi esquecido, que é reconhecido pelos meninos que o ouviram cantar há um ano. Também a D. Piedade, dos seus 87 anos, tem recitado várias poesias da sua autoria. Não sabe ler, mas mostra-nos a cada encontro, uma memória fantástica e lança o desafio, a cada um de nós, para olharmos com mais atenção para as inúmeras capacidades dos idosos... alertas que nos podem ajudar, servindo-nos de exemplo. Muito, muito bom.
Amanhã contamos com o Prior do Milharado, Padre Paulo Serra, que para além de iniciar a sessão (como faz diariamente), também será o contador de serviço. Na sexta-feira recebemos o Cabo Costa, representante da GNR, e que todos conhecemos através das acções que desenvolve, no âmbito do projecto Escola Segura. Já esteve connosco no Centro de Dia, deu-nos bons conselhos... esta semana virá como contador de histórias! Sabe muito bem assistir a todos estes encontros e, apesar de estar um pouco rouca, tenho conseguido conduzir as sessões de uma forma bastante clara... pelo menos é o que sinto, ainda que as palavras às vezes se enrolem à língua... e, algumas vezes, não acompanhem a velocidade dos pensamentos... mas ninguém nota e eu tenho-me divertido à brava! Sinto-me melhor a cada dia. E às vezes até me esqueço das recomendações médicas... tal não é a eficácia desta medicação, que tenho feito esta semana, e que tomo através de us comprimidos que, como diz a bula são constituídos de sorrisos em rostos já vividos, inquietação e ternura nos olhares mais novos e... uma enorme dosagem de previlégio, por estar a assistir a isto tudo. Contra-indicações esta medicação... não tem.! E, é mesmo esta que me faz sentir melhor a cada dia.
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20 de maio de 2010
Radicalmente feliz!
Hoje sinto-me, radicalmente feliz! Este expressão lembra-me muito a Laurinda Alves e é como me sinto hoje. Voltei ao hospital, um mês após a operação, e só tenho que lá voltar em Novembro! E apenas para fazer um exame de rotina. Já só tenho que tomar esta medicação pesada mais dois meses. E como me sinto grata sou a Deus por tudo e pela intervenção dos médicos através das minhas "avenidas" interiores. Continuarei a rezar por todos, mas em particular pelas pessoas que continuam a ir ao hospital regularmente, que dependem de máquinas para viver, que esperam...
Penso sempre que no ano passado me saiu o primeiro prémio, na lotaria da Vida e nunca me esquecei disso. Trazia comigo seis aneurismas e hoje "encerrei" uma viagem que causou muito sofrimento à minha família e a mim (se bem que eu fui protegida pelo meu cérebro doente que apagou esses dias para sempre).
Hoje cruzei-me com um médico muito inteligente e sábio, com um enorme sentido de bom senso. Um médico com muitos conhecimentos acerca destas "avenidas" interiores, a que damos o nome de artérias e com um brilhantismo invulgar, que se revela na palavra e também, nas respostas dadas aos meus silêncios. Sinto-me muito bem acompanhada e muito bem entregue para o futuro, com tudo o que ele trará. Há portas que ainda não podem ser fechadas completamente, há falhas na articulação das palavras que ainda me vão fazer rir muito... e há esta experiência de escrever, com muito mais facilidade do que quando estou a falar. Por tudo o que vivi ao longo deste processo hoje sinto-me, radicalmente feliz. Tão feliz, como me deixa feliz ver esta marioneta (realizada pelo meu filho) e que passa os dias a dançar através dos nossos movimentos. Sempre muito confiante nos seus passos. Tal me sinto eu, nas mãos de Deus, energia maior que sempre me acompanhou e que neste período se fez sempre muito mais presente... talvez Ele tivesse ficado preocupado com os meus esquecimentos e tenha reforçado ainda mais a sua presença a cada movimento meu. Muito obrigada a todos os que me acompanham, a todos os que dedicam parte do seu tempo a pensar em mim, a rezar por mim. Muito obrigada a todos. Agora recomeça para mim um novo espectáculo feito de novos dias, mas com a confiança de sempre.
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19 de maio de 2010
Provas irrefutáveis dos novos dias
"Aqui estão as provas de uma tarde muito divertida!" foram exactamente estas as palavras do melhor amigo do Manuel, num destes dias quando chegavam cá a casa e se descalçaram, a correr, para me mostrar "as provas". Sim, "as provas" (expressão deles) eram as meias e "bem sujas, mesmo muito muito sujas" repetiam. E sujas até ao pescoço! Tinham tanta lama nas meias, nos sapatos e também nas canlças que, definitivamente, tanta sujidade era um conjunto de "provas" irrefutáveis de que, se tinham divertido à grande! Eu achei o máximo. Deliciei-me com a urgência de me mostrarem estas "provas" e pela leitura tão simples e tão maravilhosa do que tinham partilhado naquela tarde... São novos os dias por aqui! Os miúdos andam com menos roupa, sentem-se mais leves, mais soltos e também por isso os sinto mais... livres! O ano lectivo está a quase a terminar e começam a surgir algumas ideias para as férias. E marcam-se pontos inesquecíveis nas diferentes relações.
As noite também por aqui são diferentes. O calor prolonga-se até altas horas, a lua desenha-se a traços finos, muito mais finos à uns dias atrás... e os pirilampos já chegaram! Já voam, já dançam a iluminar as noites. Quando fecho as portadas já há imenos pontinhos de luz a voar à minha frente. Deito os miúdos e corro para a sala, para a janela, e fico a ver esta dança de luzinhas tão pequeninas. E sabe bem lembrar-me que voltam sempre com as noites quentes. Sabe mesmo bem estar aqui.
15 de maio de 2010
Bestial esta "biografia"
Este vídeo foi colocado pelo Nuno Branco no site do essejota, no início de Maio, antes do Papa nos tre visitado. Só hoje o encontrei e achei o máximo! Talvez já não esteja actializado pois a viagem a Portugal ainda não faz parte deste "filme". Eu achei... bestial! Obrigada Nuno pela partilha.
12 de maio de 2010
Dias de alegria e surpresa
Hoje acordei e dei de caras com duas pessoas de quem eu gosto muito. Ontem levei vários sermões, embora todos eles... leves e tive a cumplicidade da minha filha Mariana que lembrou, ao jantar, lembrou o pai que estou bem e que os médicos disseram que não posso aborrecer-me! Gostava imenso de ter estado na Praça do Comércio, mas era de todo impossível. Por isso assisti, pela tv, à cerimónia, acompanhada da minha filha Mariana. E, num dia cheio de alegrias, coincidências e uma presença tão grande, divertida e surpreendente de Deus no meu dia, as câmaras da tv mostraram-nos caras tão próximas. Tudo começou com o Fernando a ler a primeira leitura, é um amigo que acompanha os lobitos e o agrupamento de escuteiros do Milharado. Depois vimos no coro o Fernando, o Hugo, o António. No meio da multidão cruzamos o olhar, através de um grande plano, com uma amiga e vizinha e... com a catequista do Manuel! Com o número de padres presentes naquela eucaristía, as câmaras da tv mostraram-nos também o nosso Prior, a dar a comunhão ao coro! Muito boa e surpreendente a partilha desta missa, através dos ecrãns da tv. E hoje, recebo notícias de uma amiga que está em Fátima e que sei reza por mim e por tantos de nós. Ao abrir o mail... outra surpresa enviada pelo Hugo, que deixou este video antes de se pôr a caminho do Santuário de Fátima. Sei que levam com eles uma parte de mim e que rezarão imenso por tantas pessoas pois vivem a sua fé desta forma generosa, transparente e alegre, muito alegre. Obrigada a todos, todos os que se têm lembrado de mim, através de tantas mensagens que me chegam. Humildemente agradeço a Deus, ao Santo Padre (pelo seu impulso de ontem) e a todos, todos vocês o meu muito Obrigada.
11 de maio de 2010
Boas vindas ao Papa Bento XVI
Hoje decidi sair de casa (em pézinhos de veludo), sem ninguém suspeitar e fui ao encontro do Papa Bento XVI. Fui juntar-me às pessoas que o esperavam, na rotunda de entrecampos, para o saudar e lhe desejar um bom dia. Que seja bem vindo!
Acordei e já a tinha fisgada. Confesso que sentia um pouco de medo mas... à medida que percebi que iria conseguir e com a minha confiança a elevar-se, pequei na máquina (gosto de fotografar a alegria das pessoas) e pus-me a caminho, nos transportes públicos. Há que tempos não andava de transportes! Preveni-me com alguns medicamentos, para uma urgência, e acompanhada por Jesus consegui chegar lá e juntar-me a esta "equipa" que se formava na rotunda de entrecampos.
estava uma manhã luminosa e, enquanto esperavamos, ouvi uma senhora falar de presença de Jesus na sua vida e da dor que sofre por já ter visto partir os seus dois filhos. Percebi, uma vez mais, a enorme graça que tenho por estar aqui. Não lhe falei de mim, nem sequer ficamos a conhecer o nome uma da outra mas depois de a ouvir abracei-a. Talvez a sua missão seja servir de exemplo, dise-lhe eu quase sem palavras ao que ela me respondeu, antes de nos despedirmos, através de uma frase marcante: "sabe, menina, estou aqui porque Deus nunca desistiu de mim."
No meio de tanta gente, de tanta música, de tantos risos... este encontro, esta partilha, esta generosidade deixou-me a pensar em mim e no quanto sou privilegiada. E disso não tenho dúvidas.
Depois do Papa passar à nossa frente, de sentir a sua bênção voltei para casa. Ainda tive que parar, que esperar, que me sentar. E, acabei por me rir sózinha. Conheço tão bem aquela praça e não conseguia perceber onde era a entrada para o metro! Mas não me atrapalhei e fui comprar um jornal, sempre disfarçava a minha desorientação. Finalmente vi o símbolo da entrada do metro. Já era início da tarde quando cheguei a casa. Cheguei bem e em segurança. E com tempo para me praparar para os sermões que vou ouvir do meu marido e dos meus filhos quando souberem desta minha aventura. Mas, o que sabe mesmo bem, é esta alegria de ter ido ao encontro do Papa, ainda que por breves instantes. O que eu queria mesmo era estar às seis da tarde na Praça do Comércio... mas, mas isso já sei que não pode ser. Entendo-me!
e como não posso estar presente na missa, assistirei pela televisão, juntando-me aos doentes que estão nos hospitais, em casa... aos mais velhos que não conseguem ir... pois sei que hoje seremos muitos a rezar juntos.
não fotografei o Papa. Não foi isso que me levou lá. O que eu queria mesmo era olhar para Bento XVI, representante de Pedro, discípulo de Jesus. Esta última foto foi acidental... quando descarreguei as imagens para o computador é que a vi. São as mãos das pessoas que estavam mesmo à minha frente... o veículo que transportava o Papa aparece no canto da imagem.
Hoje reflecti e aprendi várias coisas. Sobre mim pois conheci-me um pouco mais, sobre pormenores e alegrias de outras vidas... E, vim de lá muito alegre e confiante. Agora... agora fico a aguardar os sermões que me estão destinados! Talvez não sejam muito ruidosos e se compadeçam com o meu cansaço um pouco maior hoje. A verdade é que os vou ouvir porque tenho a graça de ter pessoas que me amam tanto e se preocupam comigo. Fico confiante que o Espírito Santo intercederá por mim...
10 de maio de 2010
parabés amigos benfiquistas
Parabéns a todos os benfiquistas, pelo título que merecidamente ganharam. Cá em casa o hall decora-se desde ontem de vermelho e (apesar de eu estar triste com esta época do meu sporting, e com o facto de ser uma lagarta cada vez mais isolada cá em casa) a verdade é que vejo a minha família e penso nos meus amigos... os que estão perto e os que estão longe e fico contente é saber que estão radiantes. Também tenho a sorte de cá em casa não haver o hábito de se ouvirem hinos num volume... elevado. A todos os benfiquistas, os meus parabéns! Aos meus amigos, os meus parabéns cheios abraços e quilos e quilos de âsia!
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